O estudante de engenharia João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, na década de 1940, inovou no trabalho de conclusão de curso. Seu projeto foi Tião, um carro popular e 100% brasileiro. O professou desaprovou: “Isto é coisa para multinacionais. Carro no Brasil não se fabrica, se compra”. GURGEL aprendeu a fazer carros nas multinacionais americanas.
Em 1969, já produtor de karts e minicarros infantis, lançou o primeiro buggy criado no Brasil: Ipanema. Seguiram-se outros carros, com motores estrangeiros, mas o nome , desenho e inovação brasileiros. Na década de 1970, A Gurgel dominava 75% do mercado nacional de jipes.
Em 1989, lançou o BR-800, o primeiro carro totalmente desenvolvido no Brasil. GURGEL dizia que sua fábrica, no interior paulista, não era multinacional, mas muito nacional. Pioneiro, desenvolveu uma van que podia ser abastecida na tomada elétrica.
No início da década 1990, pressões político-financeiras atrapalharam a construção de novas fábricas no Nordeste. E a GURGEL fechou Mas os seu carros continuam aí rodando.
JOÃO AUGUSTO GURGEL morreu em janeiro de 2009, deixando na história da indústria automobilista um sonho forjado em fibra.
Sua Trajetória
Gurgel foi o último, talvez o único, pioneiro de uma indústria automobilística de raízes brasileiras. Tão sonhador quanto empreendedor, era personalista, carismático, polêmico e visionário.
João Gurgel gostava de lembrar a história de seu trabalho de graduação, quando se formou pela Escola Politécnica de São Paulo, em 1949.
Gurgel era mesmo teimoso. No dia 7 de setembro de 1987 apresentou o Cena, sigla para Carro Econômico Nacional. Usava projeto mecânico próprio, mas se valia do motor VW a ar.
Na prática era um motor de Fusca cortado ao meio: dois cilindros opostos que ofereciam 32 cv a 3 000 rpm. O carro era econômico e atingia 110 km/h. Houve reclamações da família de Ayrton Senna e, no fim, o nome acabou virando BR-800. Foi lançado em 1988 e produzido até 1991.
Foi vendido, inicialmente, com um lote de ações da Gurgel. A propaganda estampava uma foto do engenheiro ao lado de sua criação, com o slogan: “Se Henry Ford o convidasse para ser seu sócio, você não aceitaria?”.
Cerca de 8 000 clientes aceitaram – e se deram bem, pois em 1989 o BR-800 era vendido com ágio. Ele evoluiu para Supermini, de design mais harmonioso, em 1992.
Acossado pelo Uno Mille e sua redução de impostos, começou a perder mercado, até mesmo para o renascido Fusca de Itamar Franco.
Em 1993, endividada, a Gurgel pediu concordata, que resultou em falência em maio de 1994. Com a doença de seu fundador, a marca foi abandonada.
Em 2004, o registro do nome da empresa fundada pelo engenheiro João, Gurgel Motores, expirou junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
A marca, incluindo logotipia, foi adquirida pelo empresário Paulo Emílio Lemos, de Presidente Prudente (SP), por 850 reais, segundo Lélis Caldeira, biógrafo de Gurgel.
Para o jornalista Lélis Caldeira, autor de Gurgel, um Brasileiro de Fibra (Alaúde, 224 págs.), o personagem João Augusto Conrado do Amaral Gurgel foi mesmo “um visionário, um homem à frente de seu tempo.
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Orgulho deste francano: João Augusto Conrado do Amaral Gurgel ou simplesmente Amaral Gurgel.
O Francano Visionário que era Gente da Gente.